terça-feira, 10 de dezembro de 2013

OSCAR NAKASATO

“Já tentei estabelecer uma rotina para escrever, mas não deu certo, pois não tenho disciplina. 
Como nunca entendi o ato de escrever como trabalho, não me sinto responsável para cumprir horários e metas. Por isso, às vezes passo um mês sem escrever, o que, contraditoriamente, me enche de culpa. 
Então corro até o computador e procuro me redimir teclando algumas linhas ou páginas. 
Às vezes interrompo a escritura para ler um parágrafo de Clarice Lispector ou de Guimarães Rosa, é uma necessidade de me iluminar. 
Gosto de escrever em computador com internet, pois quando tenho alguma dúvida, mesmo em relação a um vocábulo, faço a pesquisa imediatamente.”

“Às vezes o que me obriga a escrever é a sensação de culpa por estar há muito tempo sem escrever, outras vezes escrevo porque preciso logo traduzir uma sensação em palavras para de algum modo represá-la, pois tenho medo de perdê-la para sempre. Em geral escrevo porque tenho prazer no ato.”

“Sempre acreditei em “Nihonjin”, por isso o enviei somente para grandes editoras, pois sei que as pequenas têm dificuldades em dar visibilidade às obras que publicam. O romance foi rejeitado por todas, e também não ganhou o Prêmio Sesc de Literatura, do qual participei.”

“Tenho várias fontes inspiradoras. A inspiração vem de uma música, de uma cena de rua, de uma lembrança, de uma leitura. A vida é uma grande fonte inspiradora.”

“Espero não ter o destino de Raduan Nassar, que, realmente, não escreveu nada de interessante após o belíssimo “Lavoura arcaica”. 
Há pouco tempo o Paulo Lins justificou os quinze anos que separam “Cidade de Deus” e “Desde que o samba é samba”, lançado este ano, dizendo que o seu primeiro romance lhe custou tanto tempo e causou tanta tensão e desequilíbrio emocional que ele precisava descansar. 
“Nihonjin” não me cansou e não me desequilibrou emocionalmente, pelo contrário, me estimulou a escrever mais. 
Espero não entrar na paranoia de ter a responsabilidade de escrever algo melhor que “Nihonjin”.”

*  1º Prêmio Benvirá de Literatura, Prêmio Jabuti 2012, categoria de ficção: “Nihonjin” .


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